
Alguns apontam que o abrandamento das condições monetárias e o rápido crescimento do crédito com taxas de juros baixas, têm sido o combustível para a inflação mundial.
Outros, se preocupam com o enfraquecimento da concorrência dos produtos chineses e o aumento desenfreado da demanda por recursos pelos países emergentes, aumentando ainda mais os preços dos commodities. Só o petróleo teve um aumento de mais de 80% nos últimos 12 meses.
Em parte, as duas linhas de pensamento estão corretas mas nenhuma delas oferece uma explicação profunda e abrangente do problema em questão.
Na China, por exemplo, a taxa de inflação triplicou no ano passado mesmo com o governo impondo inúmeros controles sobre preços (principalmente no início desse mês) e mantendo uma política monetária cada vez mais apertada. O que de fato aconteceu é que a China aumentou significativamente, nos últimos anos, suas reservas em moedas estrangeiras, inflando desta forma o crescimento da moeda nacional. Lá, o aumento da inflação é quase que totalmente devido ao preço dos alimentos, principalmente da carne de porco. Prova disso, é que o núcleo da inflação (índice que exclui alimentos, por exemplo) foi de apenas 1,4%. E, mesmo com os preços dos produtos importados chineses aumentando em função da fraqueza do dólar, estes são ainda muito mais baratos. Com a China produzindo mais itens de maior valor agregado, isso puxará para baixo os preços da produção doméstica de vários setores.
Em relação à demanda por commodities, observamos que atualmente, o cenário macroeconômico é cada vez mais potencializado por países emergentes (BRICS). Estes, devido às suas respectivas infra-estruturas, têm o crescimento concentrado em energia e commodities, muito mais que os países ricos. Essa mudança significa que a antiga relação entre a maior economia do mundo e os commodities pode estar mudando. Nas recessões americanas passadas, os preços do petróleo e de outros recursos cairam. Isso não é mais assim. Houve uma mudança estrutural na economia global.
Então os preços dos commodities vão oscilar cada vez mais? Não. As economias emergentes, embora estejam mais resilientes, é improvável que continuem crescendo da mesma forma. Em determinado momento a demanda irá enfraquecer e assim como os preços desses recursos.
Enfim, dentre os problemas que assolam as principais economias do globo, acreditamos que talvez esse, pelo menos, esteja com seus dias contados.